Desconfiar é uma ação ou uma reação humana comum entre nós que aprendemos a realmente viver, ou melhor, a lhe dar com a vida com o passar dos anos. De concreto, ninguém nasceu pronto ou ninguém está plenamente pronto neste mundo. Aprendemos a ser gente com as experiências e com as nossas reações às diversas situações da vida.
O homem é um ser
modelável. Por mais que muitos falem que somos predestinados, o que eu não
acredito nessa afirmação, mas na verdade concretamente sabemos que estamos
sempre em processo de formação humana, pois até o último instante de nossas
vidas podemos mudar de pensamentos e de posturas.
Na vida humana nada
é sólido até que essa se encerre. Aprendemos, desde pequenos, a desconfiar das
coisas, pois vamos inferindo que nem tudo é confiável e bom. Sabemos, com o
amadurecer da vida, que as pessoas nem sempre agem do modo pelo qual
gostaríamos que elas agissem, mas aprendemos com nossas próprias fraquezas e
limitações que estamos sujeitos a muitos condicionantes que podem nos levar a
reações que nem nós mesmos pensássemos que éramos capazes de agir ou reagir de
tal maneira, isso diante de coisas que jugamos serem boas e de coisas que
jugamos serem ruins.
A desconfiança, em
excesso, é uma doença que escraviza, pois ou estamos escravos desse sentimento
ou de alguma coisa que nos causa essa postura constante de desconfiança.
Para compreender como uma pessoa, ou nós mesmos, é extremamente desconfiada é
necessário analisar alguns pontos:
se a desconfiança é
geral, ou seja, na maioria ou em todos os relacionamentos;
se a desconfiança é
excessiva somente para com uma pessoa, então, é necessário saber os motivos que
levam à desconfiança e, depois, analisar se são realmente verdadeiros;
não sendo
verdadeiras as causas para desconfiar, então, é necessário dialogar com a
pessoa que se tem desconfiança e pedir desculpas e buscar mudar de postura;
entre viver sempre
desconfiado (a) exageradamente de alguém e entre viver sem este alguém é melhor
viver sem este alguém, ou melhor dizendo, é necessário se distanciar desse
alguém, mas somente se este alguém for realmente digno de extrema desconfiança;
se a desconfiança é
exagerada e generalizada nas relações é necessário buscar ajuda profissional,
de um terapeuta;
se a desconfiança é
em relação a se próprio, então, é necessário se avaliar e buscar, também,
ajuda;
algumas vezes a
desconfiança foi causada por uma situação que não mais se repetiu ou não há
indícios concretos para continuar desconfiando, então, aí é necessário resolver
a situação X e tomar a decisão de perdoar verdadeiramente ou ser sincero com
quem desconfia, dizendo que não consegue viver mais com o clima de
desconfiança, pois isso é uma escravidão. Busque uma resolução com
tranquilidade e com muita reflexão;
desconfianças
pequenas e eventuais é uma coisa comum. E muitas vezes até dão sinais de amor e
de cuidado, quando relacionadas a uma outra pessoa.
Uma pessoa que ama
e compreende-se amada nunca será escrava da desconfiança, pois o amor não abre
espaços para excessivas desconfianças. Ame-se vivendo sem excesso de
desconfiança. E ame o outro demonstrando que ele pode confiar em você.
Quem ama cuida. E quem desconfia muito é porque não ama ou porque a pessoa que
ama não merece o seu amor, isso quando as desconfianças são justificáveis. Diga
não a desconfiança em excesso e seja livre, verdadeiramente livre.
Por: Edson Carlos de Sena - psicanalista
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