POR QUE A DESCONFIANÇA, EM EXCESSO, NOS ESCRAVIZA?


Desconfiar é uma ação ou uma reação humana comum entre nós que aprendemos a realmente viver, ou melhor, a lhe dar com a vida com o passar dos anos.  De concreto, ninguém nasceu pronto ou ninguém está plenamente pronto neste mundo. Aprendemos a ser gente com as experiências e com as nossas reações às diversas situações da vida.

O homem é um ser modelável. Por mais que muitos falem que somos predestinados, o que eu não acredito nessa afirmação, mas na verdade concretamente sabemos que estamos sempre em processo de formação humana, pois até o último instante de nossas vidas podemos mudar de pensamentos e de posturas.

Na vida humana nada é sólido até que essa se encerre. Aprendemos, desde pequenos, a desconfiar das coisas, pois vamos inferindo que nem tudo é confiável e bom. Sabemos, com o amadurecer da vida, que as pessoas nem sempre agem do modo pelo qual gostaríamos que elas agissem, mas aprendemos com nossas próprias fraquezas e limitações que estamos sujeitos a muitos condicionantes que podem nos levar a reações que nem nós mesmos pensássemos que éramos capazes de agir ou reagir de tal maneira, isso diante de coisas que jugamos serem boas e de coisas que jugamos serem ruins.

A desconfiança, em excesso, é uma doença que escraviza, pois ou estamos escravos desse sentimento ou de alguma coisa que nos causa essa postura constante de desconfiança.  Para compreender como uma pessoa, ou nós mesmos, é extremamente desconfiada é necessário analisar alguns pontos:

se a desconfiança é geral, ou seja, na maioria ou em todos os relacionamentos;

se a desconfiança é excessiva somente para com uma pessoa, então, é necessário saber os motivos que levam à desconfiança e, depois, analisar se são realmente verdadeiros;

não sendo verdadeiras as causas para desconfiar, então, é necessário dialogar com a pessoa que se tem desconfiança e pedir desculpas e buscar mudar de postura;

entre viver sempre desconfiado (a) exageradamente de alguém e entre viver sem este alguém é melhor viver sem este alguém, ou melhor dizendo, é necessário se distanciar desse alguém, mas somente se este alguém for realmente digno de extrema desconfiança;

se a desconfiança é exagerada e generalizada nas relações é necessário buscar ajuda profissional, de um terapeuta;

se a desconfiança é em relação a se próprio, então, é necessário se avaliar e buscar, também, ajuda;

algumas vezes a desconfiança foi causada por uma situação que não mais se repetiu ou não há indícios concretos para continuar desconfiando, então, aí é necessário resolver a situação X e tomar a decisão de perdoar verdadeiramente ou ser sincero com quem desconfia, dizendo que não consegue viver mais com o clima de desconfiança, pois isso é uma escravidão. Busque uma resolução com tranquilidade e com muita reflexão;

desconfianças pequenas e eventuais é uma coisa comum. E muitas vezes até dão sinais de amor e de cuidado, quando relacionadas a uma outra pessoa.

Uma pessoa que ama e compreende-se amada nunca será escrava da desconfiança, pois o amor não abre espaços para excessivas desconfianças. Ame-se vivendo sem excesso de desconfiança. E ame o outro demonstrando que ele pode confiar em você.  Quem ama cuida. E quem desconfia muito é porque não ama ou porque a pessoa que ama não merece o seu amor, isso quando as desconfianças são justificáveis. Diga não a desconfiança em excesso e seja livre, verdadeiramente livre.

Por: Edson Carlos de Sena - psicanalista

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